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Cultivo orgânico e diversificação ajudam a melhorar a renda no PA

Globo Rural faz homenagem ao Ano Internacional da Agricultura Familiar.

Técnicas de cultivo mudam a vida e ajudam a combater o êxodo rural. O Pará tem mais de mil assentamentos e os pequenos agricultores aprenderam que a diversificação e o cultivo de alimentos sem agrotóxicos é uma alternativa para conseguir vender bem os produtos.

A história de Deusdete Mateus de Souza é parecida com a de muitos assentados: ele começou com um pedaço de terra e quase nenhum recurso para produzir, mas há seis anos, o agricultor vive com a mulher e três filhos em um assentamento em Santa Bárbara do Pará, a cinquenta quilômetros de Belém. A primeira lavoura foi a mais tradicional, a de mandioca. Aos poucos, foi diversificando a produção na área de 10 hectares com abacaxi, tomate, pimenta e de três anos para cá, Deusdete aposta nas verduras para aumentar a renda, mas com um diferencial: as hortaliças são cultivadas sem o uso de produtos químicos.

Para afastar as pragas, ele aplica uma solução a base de alho, tabaco, pimenta malagueta e tucupi, que é o caldo amarelado extraído da mandioca. Deusdete e a mulher vendem as hortaliças nas feiras e nos mercadinhos da região e faturam, em média, R$ 1,6 mil por mês.

Os vizinhos de assentamento também cultivam as chamadas “”hortaliças agroecológicas”” para vender na feira, três vezes por semana. “Mudou muito a questão financeira, com a nossa renda própria, hoje a gente não precisa ir para Belém trabalhar e procurar emprego com carteira assinada, a gente tem nossa própria renda para o sustento da família”, diz Luciane de Oliveira, agricultora.

As hortaliças também são a maior fonte de renda de Altemir Manini, que vive em um assentamento em Parauapebas. O agricultor percebeu que as verduras estavam em falta no município, que tem um dos maiores crescimentos populacionais do estado por causa dos projetos de mineração.

Ele apostou na horta hidropônica, em que a plantação não depende do uso do solo. A mulher e os filhos ajudam na produção de 37 mil pés de alface e outras verduras, que são destinadas aos sacolões e pequenos mercados.

Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Pará concentra o maior número de famílias assentadas no país. São 204 mil, que ocupam uma área de 15 milhões de hectares ou 12% do território do estado.

Muitos que vivem nos mais de mil assentamentos vieram de outras regiões do país, como Eduardo Pasdióra, que deixou o Rio Grande do Sul há 20 anos para viver em Redenção. Ele começou com 10 cabeças de gado e hoje tem 60 depois de pegar um empréstimo para investir no rebanho. “Já fiz um barracão, depois financiei uma ordenha, a qualidade do leite melhorou e o preço também”, diz.

Produzir e cuidar da floresta, Lourival Barbosa também segue esse modelo. Em Tucuruí, no sudeste paraense, o agricultor dividiu seu lote em várias lavouras, onde cultiva desde abacaxi, açaí, cacau até pimenta do reino e urucum. Ele faz tudo isso preservando a mata nativa e reflorestando as áreas degradadas.

O extrativismo sustenta dezenas de famílias do assentamento Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna. A região virou notícia em 2011, quando o casal de líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foi assassinado por causa de disputas de terras. Os dois comandavam a cooperativa que hoje é tocada por 12 mulheres e explora os recursos da floresta sem desmatar.

No barracão do assentamento, os frutos são processados e dão origem a vários cosméticos, que são vendidos não apenas nos municípios da região.

Durante o ano todo, Antônia dos Santos costuma deixar o assentamento, em Nova Ipixuna, para participar de várias feiras no Pará e também em outros estados. É também uma oportunidade para ela ganhar uma renda extra vendendo vários produtos a base de andiroba e castanha do pará, como sabonete líquido, xampu, hidratante, óleo de andiroba, pomada, repelente e gel para contusão.

 

Fonte: Globo Rural

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